Eles também estão na moda
Cada vez mais atentos às tendências, os homens tornam-se o público-alvo das grandes grifes e boutiques
Já foi o tempo em que mães e esposas eram as responsáveis pelo guarda-roupa dos filhos e maridos. Em uma realidade onde a aparência é muito valorizada, o vestir-se bem passou a ser regra entre os homens e o surgimento do chamado metrossexual quebrou alguns “tabus” da ala masculina na relação com a moda. De acordo com Odil Zeper (o Juba), consultor e docente da área de moda do Senac Bauru, desde a década de 60 o homem vem conquistando o seu espaço, no entanto, só nos últimos anos essa preocupação passou a ser significativa na vida do homem comum, no seu dia-a-dia pessoal e profissional. “Atualmente encontramos um homem versátil, que faz da sua imagem o seu maior cartão de visitas. A máxima é parecer um pouco mais jovem e os recursos são buscados em corpos malhados, alimentação saudável e uso de cremes. E isso se reflete na escolha das roupas e na definição do estilo. Este homem se preocupa com bons ternos e grandes grifes, por exemplo, para sublinhar seu poder de sedução e de mercado”, completa.Para Maurício Lobo, consultor de moda masculina do Senac São Paulo, a evolução da mulher e a mídia foram um dos principais impulsionadores da mudança do comportamento do homem moderno. “A mídia foi a mola propulsora para a difusão do comportamento do homem moderno. Porém, a mudança foi impulsionada pela evolução da sociedade, a postura da mulher moderna que ganha espaço no mundo corporativo, disputando os mesmos cargos com o homem. Isso exigiu do homem repensar o seu próprio estilo. A mulher trouxe para esse universo a elegância e a valorização da imagem, e o homem percebeu que se não acompanhasse as mudanças estaria fora do mercado”.O novo comportamento do homem em relação à moda tem reflexos no mercado do segmento. Encontramos hoje grifes especializadas, bem como marcas já renomadas e grandes boutiques que se renderam ao universo masculino e passaram a investir no setor. “Hoje o segmento masculino é o que mais cresce. Não só em questão do vestuário, mas a indústria de cosméticos, acessórios para o homem também tem se desenvolvido. O homem está descobrindo que ele pode utilizar esses produtos, pode se vestir bem sem perder a sua masculinidade”, afirma Lobo. Tudo isso respaldado e fomentado por lançamentos editoriais também voltados para eles. Espaço para eles Proprietária há 25 anos de uma boutique em Bauru, Tânia Capelini sempre trabalhou com a moda masculina, mas a mudança no perfil do homem moderno fez com que a empresária investisse na ampliação do espaço reservado a eles na loja. “O perfil do público masculino mudou nos últimos anos. A vaidade deixou de ser um assunto polêmico entre os homens, inevitavelmente essa mudança influenciou na maneira com que ele se veste, e a atenção que dedica à moda. Nesse sentido reparamos um movimento crescente de homens em nossa loja, cada vez mais exigentes com as peças que vão usar, buscando novidades para o dia-a-dia ou ocasião especial”, ressalta Tadeu Dias Capelini, responsável pelo setor de moda masculina da boutique. A mudança no perfil do consumidor masculino refletiu inclusive nos lucros do empreendimento. De 2007 para 2008, a boutique apresentou um aumento de 20% nas vendas de roupas masculinas e atualmente o setor representa de 20% a 30% do total da loja. “Estamos investindo bastante nesse setor, oferecendo marcas exclusivas e de qualidade. Nossa expectativa é manter esse aumento no ano que vem”, completa Capelini. Clientes exigentes Os homens se revelam, inclusive, um consumidor mais exigente que as mulheres, por isso a tendência das boutiques, redutos de marcas de luxo e grifes renomadas, disponibilizar uma atenção especial a essa clientela. “O público masculino tem exigências próprias e muitas vezes é mais criterioso que o feminino, a qualidade do fio, o tecido, o corte, o caimento são exigências. Estamos sempre atentos às particularidades e necessidades do homem contemporâneo, buscando trazer novidades aliadas à qualidade”, afirma Capelini. Aspectos valorizados pelo advogado Leandro Megale Pizzo na hora de comprar suas roupas. Cliente da loja há quatro anos, Pizzo atribui o seu interesse pelas grifes e peças de qualidade à irmã, Adélia Pizzo, que cursou faculdade de moda. No entanto, ressalta ser essa uma característica cada vez mais exigida dos homens. “Tenho uma irmã que estudou moda, então de certa forma sempre convivi com a preocupação de me vestir bem, sempre comprei minhas roupas e procurei me informar sobre as tendências. E, hoje em dia, é importante esse cuidado com a aparência, inclusive profissionalmente. É o nosso cartão de visitas”, afirma. O empresário José Hermínio Canella compartilha o seu gosto pela moda com os filhos Daniel e Thomaz. De acompanhantes da esposa e mãe nas compras na boutique, os três tornaram-se clientes e mostraram que o interesse e o conhecimento das tendências não têm idade e passa de pai para filho. “Hoje em dia existe uma difusão crescente de informação do segmento de moda masculina e os homens estão mais atentos às novidades e tendências não só das roupas como dos demais produtos específicos para esse público. Essa preocupação com a aparência e valorização da vaidade masculina têm se refletido, inclusive, nas gerações mais novas”, conclui Canella.
Da Redação Jornal da Cidade
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